A liderança ainda é necessária dentro das empresas modernas?
Um tema muito batido e repetido por diversos autores, principalmente autores de livros de “auto-ajuda empresarial”, é a liderança. O papel do líder em uma empresa, seja o líder provedor,o carismático ou mesmo o líder com tendências budistas é enaltecido e glorificado como vital em uma organização.
Mas como nem tudo o que reluz é ouro, venho propor um pensamento diferente: a não necessidade do líder.
Quando se fala em liderança, se fala em um homem ou um grupo de homens dotados de carisma e inteligência, capazes de inspirar as pessoas à sua volta e guiar os passos e o comportamento de seus colaboradores ou mesmo colegas. Mas será que uma organização realmente precisa de líderes? Tenho certeza que a resposta automática a esta questão é sim. Mas insisto em desafiar seu raciocínio e tentar quebrar esse paradigma cada vez mais defendido na administração.
Vou me apoiar em um conceito muito interessante, que infelizmente não vi defendido nos tempos de faculdade: Autogestão. Autogestão é dar autonomia para pessoas ou grupos de pessoas, delegando a essas pessoas mais do que tarefas, mas a criação e elaboração de metodologias próprias de trabalho. Muito se fala em Toyotismo, mas você já ouviu falar em Volvismo? Segue um pouco da história do Volvismo:
Em meados dos anos 80, a Volvo se viu em uma situação inusitada: a Suécia contava com um baixíssimo nível de desemprego, o que tornava muito difícil para a empresa encontrar mão-de-obra para suas unidades produtivas, além de ocasionar um fenômeno talvez único na história do capitalismo, o desapego generalizado dos trabalhadores das linhas de produção pelo trabalho exercido. O trabalho repetitivo e desgastante já não atraia os jovens do país. O alto seguro-desemprego pago pelo governo era mais um motivo para que a população não fosse atraída pelas propostas da Volvo. Trabalhadores com alto índice de faltas e uma produção decadente conspiravam para um futuro negro para a empresa.
Foi nesse cenário que a Volvo resolveu revolucionar sua sistemática produtiva. Uma produção baseada em técnicas Tayloristas e Fordistas já não era suficiente para garantir o desempenho produtivo da empresa. Era necessária uma revolução na sistemática do trabalho, e assim surgiu um novo sistema produtivo, com preocupações ergonômicas para minimizar as lesões de trabalho e com foco na inteligência do trabalhador.
Assim, ao contrário do padrão de cadeias produtivas, a empresa escolheu uma de suas fábricas e dividiu sua produção em células produtivas de até 10 funcionários. Cada um desses funcionários foi treinado de maneira a compreender todo o processo produtivo, tornando-se capaz de produzir um carro sozinho. Assim, esses funcionários foram agrupados nessas células produtivas e passaram a fabricar os carros geridos por eles próprios, no ritmo compreendido como excelente por cada grupo.
O efeito foi estarrecedor. Ao contrário do que se poderia imaginar, a fábrica começou a produzir tanto quanto as demais baseadas no velho modelo. Passados alguns meses da experiência, a fábrica modelo produziu MAIS que as outras fábricas da empresa.
Assim, ao contrário do padrão de cadeias produtivas, a empresa escolheu uma de suas fábricas e dividiu sua produção em células produtivas de até 10 funcionários. Cada um desses funcionários foi treinado de maneira a compreender todo o processo produtivo, tornando-se capaz de produzir um carro sozinho. Assim, esses funcionários foram agrupados nessas células produtivas e passaram a fabricar os carros geridos por eles próprios, no ritmo compreendido como excelente por cada grupo.
O efeito foi estarrecedor. Ao contrário do que se poderia imaginar, a fábrica começou a produzir tanto quanto as demais baseadas no velho modelo. Passados alguns meses da experiência, a fábrica modelo produziu MAIS que as outras fábricas da empresa.
Esse choque foi visto como uma nova forma de excelência na sistemática fabril. Mas o sucesso não foi duradouro, pois a Toyota, utilizando de forma muito mais eficiente os modelos de Ford e Taylor, trouxe um novo padrão de produção mais veloz, eficiente e competitivo, que se tornou o novo padrão mundial.
Mas por que eu utilizei um exemplo que acabou não se perpetuando? Muito simples. Se no setor automobilístico, que conta com um dos modelos mais automatizados e burocráticos de produção, foi possível confiar na inteligência e poder de superação das pessoas envolvidas nos processos produtivos, por que no mundo de hoje, com maior acesso à informação e educação, devemos nos prender ao papel do líder carismático? Não é subestimar a inteligência das pessoas pregar com tanta ênfase o papel do líder?
Mas por que eu utilizei um exemplo que acabou não se perpetuando? Muito simples. Se no setor automobilístico, que conta com um dos modelos mais automatizados e burocráticos de produção, foi possível confiar na inteligência e poder de superação das pessoas envolvidas nos processos produtivos, por que no mundo de hoje, com maior acesso à informação e educação, devemos nos prender ao papel do líder carismático? Não é subestimar a inteligência das pessoas pregar com tanta ênfase o papel do líder?
Não acredito haver espaço para o líder carismático nas empresas ditas modernas. Vamos pensar nas empresas do nosso dia-a-dia, as pequenas e médias empresas. Quanto mais um dos gestores dita os rumos da empresa, menos os colaboradores empreendem dentro do negócio. Será demagogia acreditar que uma empresa possa ser composta por empreendedores?
Pense no seu negócio. Quantas vezes seus colaboradores tiveram uma abertura de sua parte para expor novas idéias ou novos processos? Ou melhor: quantas vezes você os desafiou para o empreendedorismo? As pessoas em geral são acomodadas dentro de sistemas, são treinadas a serem mais reativas que proativas. O medo faz parte das relações chefia-empregados. É difícil quebrar essa barreira, mas quando se quebra os resultados tentem a ser excelentes para a empresa.
Quando as pessoas são empreendedoras dentro de uma empresa, a mecânica de gestão é viva, não engessada. Talvez esse seja o papel do líder moderno: incentivar o pensamento empreendedor, investir na inteligência das pessoas que compõe a organização. E quando se atinge este patamar, onde o time é composto de empreendedores, de verdadeiros gestores de suas funções, será que o líder ainda é necessário? Pessoas auto-motivadas e independentes não precisam de liderança, precisam de espaço para criar e discutir suas idéias. Todos os colaboradores são líderes potenciais de seus empreendimentos.
Da próxima vez em que você pensar em liderança, pense nela como um meio para gerar empreendedores em sua empresa. O verdadeiro líder é que aquele que transforma um grupo de colaboradores em um grupo de empreendedores. E quando sua empresa chegar nesse ponto, seus colaboradores estarão prontos para a autogestão.
ALEX KUNRATH, CONSULTOR SÊNIOR
www.idati.com.br
ALEX KUNRATH, CONSULTOR SÊNIOR
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A IDAti é empresa de Consultoria e Treinamento especializada em Reestruturação Comercial (Marketing e Vendas integrados) de Porto Alegre, RS, com atuação nacional.
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(CURIOSIDADE) os 12 maiores atributos da liderança (pesquisa desenvolvida na Europa junto a 500 executivos):
. disposição para tentar o que ainda não foi
tentado
· automotivação
· uma percepção aguda do que é justo
· planos definidos
· perseverança nas decisões
· o hábito de fazer mais do que aquilo pelo qual
se é pago
· uma personalidade positiva
· empatia
· domínio dos detalhes
· disposição para assumir plena responsabilidade
· identificação (exemplo pessoal)
· uma profunda crença em seus princípios
O que você acha deste líder? ele é real? você gostaria de trabalhar com ele? será que você teria espaço para ser criativo sendo liderado por um centralizador? registre seu comentário.